style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Giuliano Gomes (Folhapress)
Como siameses, Lula e Jair Bolsonaro estão ligados um ao outro. E assim se manterão por algum bom tempo. Não é exercício de futurologia. É essa relação que ambos precisam e, de certa forma, ansiavam há 580 dias. Lula, ainda que com comparações estapafúrdias - como a de Nelson Mandela, que foi um preso político e jamais o contrário - saiu nos braços do seu povo: petistas, lulistas e, em menor número, aqueles que surfam no modismo/modinha de usar a hashtag Lula Livre, entre outros.
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Já Bolsonaro voltará às raízes do que ele realmente é, e, mais, sabe fazer: radicalizar e falar mal de Lula e, assim, desviar a atenção (se é que é possível) de sua falta de habilidade de comandar o país.
Daqui até 2022, Lula e Bolsonaro se retroalimentarão com frases e discursos odiosos em um jogo de "eles contra nós", "pobres contra ricos", "negros contra brancos". Nessa queda de braço, voltaremos a ver a intolerância e a cegueira de lulistas e bolsonaristas vociferando um contra o outro. Ambos os lados promoverão atos e passeatas com suas próprias teses e versões para defender seus pontos de vista.
E você, como eu, que não veste vermelho nem sai com o escudo da CBF/seleção brasileira no peito, apontando o dedo para o mundo, seguirá na mesma. Ou seja, trabalhando mais de seis meses por ano para pagar a uma carga tributária asfixiante de um Estado inchado e ineficiente.
E com aquela garantia sádica, que só o poder público brasileiro é capaz de dar ao contribuinte, a certeza de pagar os tributos em dia e, como retorno, um leque de serviços precarizados. Aliás, o inchaço do Estado é bom que se diga se iniciou na gestão lulopetista e tem sido mantido até aqui, com louvor, pelo capitão da reserva alçado à presidência da República.
E nessa briga que está por vir, não há lado certo. Lula, ao discursar nessa sexta-feira, já deu indícios de que está pronto para o embate. Enfrentamento que Bolsonaro - até, aqui, calado - aceitará e alimentará. Aí, então, quando isso acontecer, estaremos todos em meio a um fogo cruzado. E não será um mero foco localizado de incêndio. Mas, sim, a volta das chamas da insensatez em uma polarização "nunca antes" vista entre esquerda e direita.
Por enquanto, até aqui, Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a soltura de Lula. Mas, certamente, o fará. E quando isso acontecer, justamente por ele não ser um estadista nem uma pessoa ponderada, Bolsonaro incendiará ainda mais o quintal.
Se há quem goste disso ou queira esse cenário, deve, então, repensar um pouco e buscar ajuda clínica. Até porque não deve estar com as faculdades mentais em dia.
Acontece que após o STF nocautear o brasileiro, a mais alta corte do país afiançou ao brasileiro a incerteza do presente e, o pior, de um futuro melhor. Se como diz a máxima "a política é a arte do possível", o Brasil mostra mais que isso: (a política) é a arte do impossível.